EEM Adauto Bezerra de Barbalha
1º ano (F, G, K) 2º Período 2020
A Evolução da Cartografia - pág.
60 a 78
O
desenvolvimento da Cartografia, desde épocas remotas até o século em que
vivemos, tem acompanhado o próprio progresso da civilização. Esta ciência
apareceu no seu estágio mais elementar sob a forma de mapas de itinerários
rupestres, feitos pelas populações nômades primitivas que, partindo dos
princípios da observação e da necessidade de localização dos domínios,
registravam fatos geográficos, locais de caça, localização de aldeias, de povos,
rotas de viagens, de guerras, entre outros elementos.
Desta
forma, a Cartografia já se caracterizava como uma forma de poder e de saber
sobre o local. A História reputa aos babilônios a confecção do mapa mais antigo
até então encontrado. Trata-se de um mapa esculpido em uma placa de barro
cozido desenhado por volta de 2.500 anos a.C., e que foi encontrado nas ruínas
da cidade de Ga-Sur, cerca de 300 quilômetros ao norte da Babilônia, na baixa
Mesopotâmia (hoje território iraquiano de Babil, ao sul de Bagdad). Esse mapa
mostra o vale do rio Eufrates cercado por montanhas, além da indicação de
postos de localização como pontos cardeais.
Posteriormente,
com o advento do comércio entre os povos e com o consequente aparecimento dos
primeiros exploradores e navegadores que descobriram novas terras e novas
riquezas, ampliando o horizonte geográfico conhecido, o homem sentiu
necessidade de conhecer novas rotas e se localizar sobre a superfície da Terra.
Há indícios de que os egípcios, em 2.300 a.C., já navegavam para Biblos, na
Fenícia, de onde voltavam carregados de madeira de cedro. Estabeleceu-se,
portanto, o marco inicial da Cartografia como ciência da localização.
Sua
evolução foi incrementada pelas guerras, descobertas científicas, pelo
desenvolvimento das artes e das ciências, e pelos movimentos históricos que
possibilitaram e exigiram maior precisão na representação gráfica da superfície
da Terra. Desta forma, dividimos este estudo em marcos históricos reconhecidos
pela sociedade moderna para que possamos compreender melhor as contribuições
das diversas sociedades.
CHINESES E EGÍPCIOS
Este
período corresponde à construção das bases epistemológicas da representação da
Terra. Tanto na Antiguidade como no século em que vivemos, as regras sobre as
formas de desenhar mapas – ou cartas, como também são chamadas – ainda
continuam sendo ditadas pelas necessidade dos seres humanos. Os chineses, por
exemplo, utilizavam os mapas não somente para orientação e localização, mas
também como ferramenta para que os administradores pudessem demarcar fronteiras
e fixar impostos, e os militares os utilizavam como arma estratégica. De acordo
com a datação dos primeiros achados de documentos, os estudos cartográficos
desenvolvidos na China surgem por volta do século IV a. C., representando, de
forma detalhada, suas terras e suas águas.
A
construção de mapas pelos egípcios também remonta à Antiguidade, em função de
eles já conhecerem e dominarem as técnicas da triangulação, que consiste na
determinação de distâncias baseadas na Matemática, e seriam utilizadas,
posteriormente, por muitos outros povos.
Os
egípcios determinavam, assim, uma base para se chegar às distancias desejadas.
Eles também utilizavam um instrumento chamado nível (uma armação em forma de A
com um pêndulo amarrado no topo), que servia para medir áreas de terras. “A
medição era quase vital para os faraós e sacerdotes, já que suas riquezas eram
garantidas basicamente pelos impostos cobrados sobre a terra, pagos em cereais,
ouro, lã e outras especiarias.” (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 p,35) Com essa
prática, os egípcios desenvolveram a agrimensura, o cadastro e o mapeamento das
minas de ouro, portanto, são os responsáveis pela elaboração dos primeiros
mapas temáticos.
OS GREGOS
Mas
quem achou o mapa do tesouro da Cartografia foram os gregos. “Eles foram os
primeiros a ter comprovadamente bases científicas de observação” (LUCÍRIO E
HEYMANN, 1992 p,35.) Na Grécia Antiga, os primeiros fundamentos da ciência
cartográfica foram lançados quando Anaximandro (610 a 546 a. C.) e Hecataeus
(c. 550 a 475 a.C), ambos da cidade de Mileto, tentaram representar a Terra
como um disco flutuante, onde um oceano circundava os três continentes
conhecidos: Europa, Ásia e África. “Ainda no século VI a.C., “na escola de
Pitágoras desenvolveu a tese da Terra esférica. Esta suposição tinha base em
observações práticas, como a sombra projetada por um eclipse, e considerações
filosóficas, como o fato de a esfera ser a forma geométrica mais perfeita.
Contudo, somente por volta de 350 a. C., com as teorias do filósofo grego
Aristóteles, a esfericidade da Terra passou a ser aceita pelos homens da
ciência”. (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 op. Cit., 35)
Durante a Antiguidade, os gregos
começaram a representar a Terra como um disco flutuante. Esta concepção ficou
conhecida como a Teoria do Prato e foi representada pelos primeiros mapas-múndi
de Anaximandro de Mileto (610 a 546 a.C). A quebra deste paradigma só acontece
com as comprovações matemáticas e astronômicas de esfericidade da Terra
elaboradas por Pitágoras (c. 582 a.C). A idéia de esfericidade é comprovada
também por Aristóteles (384 - 322 a.C), que além de formular os argumentos de obliquidade
do eixo, conceito de linha do Equador, de trópicos e de zonas, também
desenvolveu o conceito filosófico de esfericidade com base na comparação
teológica da esfera como forma geométrica mais perfeita e a obra prima dos
deuses – a morada do homem.
Nos
trabalhos de Heródoto (484 a 425 a.C) e Demócrito (460 a 360 a.C), a descrição
dos lugares e a concepção da oikounene ou ecúmeno alongada (terra habitada ou
mundo conhecido) também contribuíram para desenvolver os conceitos iniciais de
latitude e longitude. Um século mais tarde, Dicearco de Messena (350 a 290 a.C)
passou do círculo a uma forma mais alongada da Terra, incluindo as ilhas
Britânicas e a península Indiana, com a ilha Taprobana (atual Sri Lanka, antigo
Ceilão).
No
entanto, a questão da forma da Terra ainda perdurava como um desafio aos
estudiosos da Antiguidade. Coube ao astrônomo e filosofo Eratóstenes (276 a 194
a.C.), guardião da biblioteca de Alexandria, a tarefa de medir a circunferência
de nosso planeta. Também conhecedor da Matemática, este astrônomo utilizou a
trigonometria para observar que, nos dias 20 e 21 de junho, o ângulo que os
raios do Sol fazia com a superfície da Terra, na cidade de Siena (hoje Aswãn),
era de 90º(graus). Nesses mesmos dias, esse ângulo era de 7º(graus) em
Alexandria. Por meio de relatos de viajantes, ele sabia que a distância entre
as duas cidades era de 5.000 estádios, ou 826.650 metros. Mais uma vez, usando
a trigonometria, ele foi capaz de calcular a circunferência da Terra, chegando
ao resultado de 42.513 km, muito próximo dos reais 40.076 km na linha do
Equador.
Seguindo
esta linha de raciocínio, Hiparco de Nicéia (160-125 a.C.) utilizou, pela
primeira vez, métodos astronômicos para a determinação de posições na
superfície da Terra e deu início ao estudo do sistema de coordenadas
geográficas, criando os métodos de cálculos de latitude e longitude.
Baseando-se
nos 360º da esfericidade da Terra, deduziu corretamente a direção dos polos
celestes, a rotação de nosso planeta e determinou a duração do dia em 24 horas,
de acordo com o aparecimento e a repetição da sombra do Sol sobre a mesma
porção da Terra. Determinou, também, que 1 hora teria uma distância de 15º de
longitude, como hoje conhecemos. Hiparco de Nicéia foi o precursor do
desenvolvimento da superfície da Terra sobre um plano, idealizando a projeção
cônica e utilizando o astrolábio para auxiliar na navegação.
Outra
contribuição cartográfica significativa para a sociedade moderna foi a idéia
desenvolvida por Crates (180 a 150 a.C.) que, baseado no princípio de
esfericidade da Terra, antecipou a existência de outros continentes: Periecos
(N), Antípodas (S) e Antecos em oposição ao Ecúmeno existente.
Estrabão
de Amásia (64 d.C. a 20 d.C.) representou da melhor maneira possível a
superfície esférica em um plano, com linhas retas paralelas, correspondendo aos
paralelos, e linhas perpendiculares, representando os meridianos.
Todo
o conhecimento geográfico e cartográfico da Grécia Antiga está idealizado na
obra “Tratado de Geografia” ou “Guia da Geografia” do astrônomo, geógrafo e
cartógrafo grego Claudius Ptolomeu de Alexandria. Sua extraordinária obra, em
oito volumes, ensina os princípios da Cartografia Matemática, das projeções e
dos métodos de observação astronômica, além de instruções para preparação de
mapas-múndi e cartas de 8.000 lugares devidamente calculados.
Essa
monumental contribuição da Grécia Antiga à ciência cartográfica foi ignorada
durante toda a Idade Média e só foi retomada no século XV, quando passou a
exercer grande influência sobre o pensamento geográfico da época, com o chamado
Renascimento de Ptolomeu.
Ptolomeu
concebeu o universo como Aristóteles: planeta esférico, parado e os demais
corpos movimentando-se ao seu redor. Elaborou o mapa-múndi com projeção cônica
e marcou o ponto culminante da Cartografia na Antiguidade, em que se distingue
uma Geografia humana (descrição) de uma Geografia matemática (cálculos e
geodésica).
OS ROMANOS
Menos
preocupados com o caráter científico da Cartografia e mais voltados para suas
utilidades práticas, os romanos elaboravam mapas com fins administrativos e militares,
pois eram utilizados para cobrança de impostos e para o aumento do seu império.
Eles não davam importância à visão esférica que os gregos tinham da Terra, pois
os mapas gregos antigos já lhes serviam para traçar rotas e delimitar os
territórios conquistados. Neste tipo de carta, chamado Orbis terrarum – ou
mundo inteiro - os três grandes continentes conhecidos aparecem dispostos de
forma simétrica (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992, p. 36).
Os
romanos realizavam extensos levantamentos de seu império, usando instrumentos
gregos, como o astrolábio, um instrumento óptico capaz de determinar a
localização de pontos da Terra por meio de observação de fenômenos celestes.
Eles também eram adeptos de mapas de itinerários (que mostram caminhos), como a
Tábua de Peutinger. Útil representação para os navegantes da época, esta tábua
media mais de 6 metros de comprimento por 30 centímetros de largura e servia,
basicamente, para traçar rotas de viagens (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992, p. 37).
Naquele
período histórico, a Geografia buscava resolver o problema da localização, mas
era fortemente ligada à astronomia e à geometria.
OS MAPAS MEDIEVAIS
A
Idade Média foi um período dominado pelo sentido cristão do sobrenatural e do
divino. Toda maré de descobertas que inundou os estudos cartográficos durante a
Antiguidade Clássica retrocedeu com o início deste período histórico, pelo
menos na Europa. A Igreja Católica, por quase dez séculos, influenciou todos os
campos do conhecimento, interferindo também na forma de desenhar mapas.
Voltou-se a usar o Orbis Terrarum, mas com tal número de modificações que
perdeu a exatidão sobre os lugares. Os mapas mais característicos dessa época
são os chamados T no O, que consistiam num círculo com um “T” representando os
rios e marés e dividindo o “O” em três continentes: Europa, Ásia e África. São
cartas que representam a interpretação do mundo de acordo com o catolicismo,
pois somente compreendiam as regiões mencionadas na Bíblia.
Durante
aquele período, os grandes guardiões da cultura cartográfica foram os árabes,
que recolheram e desenvolveram o que o ocidente já havia descoberto e
esquecido. A obrigação religiosa de peregrinação até Meca, cidade sagrada do
Islamismo, levava-os a conhecer muitos lugares e a traçar caminhos para a
correta orientação dos peregrinos. A conquista de novos territórios, como a
Mesopotâmia (atual Iraque), a Pérsia (atual Irã) e o Egito, também foi
fundamental para ampliar os conhecimentos cartográficos desse povo, pois era
necessário conhecê-los para poder governá-los.
Ainda
na Idade Média, no século XIII, surgiu na Europa um tipo de mapa próprio para a
navegação, as Cartas Portulanas, idealizadas provavelmente por almirantes e
capitães das frotas expedicionárias. Isto foi possível graças ao uso da
bússola, instrumento trazido do extremo oriente para o ocidente pelos árabes no
século XII. Esses mapas se caracterizam pelo minucioso sistema de
rosa-dos-ventos e riqueza de detalhes do litoral dos lugares e portos. Com
essas cartas, os navegantes determinavam a sua localização e o ângulo em
relação ao norte magnético, encontrando assim, a direção a ser a seguida.
A CARTOGRAFIA NO RENASCIMENTO
O
Renascimento (séc. XIV ao séc. XVI) foi um período marcado pela redescoberta
dos clássicos pelos europeus. Os estudos de Ptolomeu vieram à luz, fornecendo
informação e inspiração aos que começavam a se aventurar em mares mais
distantes. Os navegadores já contavam com os grandes inventos, como a caravela,
o astrolábio e a bússola. A evolução das técnicas de gravação em pranchas de
papel permitiu ao homem se aventurar em viagens mais longas em alto-mar.
Primeiro,
começaram a explorar a costa ocidental da África, depois, em 1492, os
cartógrafos - fazedores de mapas – ganharam um continente novinho em folha para
mapear: a América. E muito do que se fez naquele tempo foi fruto da imaginação
para justificar o investimento nas expedições e encorajar financiamentos nas
terras recém-descobertas. As cartas européias se fartavam de atribuir às
“terras virgens” fabulosas riquezas minerais.
Várias
expedições desceram pela costa destes continentes mapeando suas formas e
tentando calcular a distância e o tempo que navegavam para o norte ou para o
sul, chegando, assim, a um contorno do continente. O mapa-múndi de Juan de La
Cosa (1460 a 1510), membro da expedição de Cristóvão Colombo, é o primeiro a
representar o descobrimento da América.
Também
nesta linha de raciocínio, Diego Ribeiro elaborou, em 1527, o primeiro
planisfério, e Martim Behaim (1459 a 1507) construiu o primeiro globo
terrestre. A primeira tentativa de localização geográfica do Brasil aconteceu
poucos dias após a chegada dos portugueses. João Emenelaus, tripulante de uma
das caravelas da frota de Pedro Álvares Cabral, desceu à terra firme e, munido
de um astrolábio, descobriu a latitude onde se encontra o país.
Por
volta do século XVI, quem tinha o mundo em suas mãos eram os holandeses, pois
dispunham de grandes escolas de navegação e suas cidades comerciais eram
passagem de mercadores e navegantes de todas as nações, com informações novas
sobre o além-mar. Neste período de grandes viagens e descobertas, viveu
Gerardus Mercator (1512 – 1594), cartógrafo que recolheu em suas viagens todos
os materiais existentes sobre a representação terrestre: mapas antigos,
crônicas de navegantes e descrições matemáticas e filosóficas. Considerado o
pai da Cartografia moderna, criou, em 1569, um mapa-múndi com uma projeção que
leva o seu nome, corrigindo as distorções produzidas anteriormente (LUCÍRIO E
HEYMANN, 1992 p.39).
As bases do sistema de projeção criado por
Mercator ainda são utilizadas, na medida em que facilitam a localização dos
rumos a serem seguidos em longas distâncias, pois as coordenadas de latitude e
longitude são mostradas em linhas retas.
CARTOGRAFIA NA REFORMA E NO ILUMINISMO
Cronologicamente,
o período compreendido entre a Reforma e o Iluminismo corresponde ao final do
século XVII e todo o século XVIII e foi marcado pelo desenvolvimento das
escolas de Cartografia e navegação e por avanços tecnológicos a partir da
medição do arco do meridiano do Peru (1728). Principalmente na Europa, cresceu
a preocupação com o rigor científico dos levantamentos topográficos –
representação do terreno com todos os seus acidentes geográficos. Os mapas
passaram a ser mais detalhados e as representações dos mapas-múndi incluem a
malha de pontos geodésicos, retirando, finalmente, as figuras imaginárias e
monstros marinhos que estampavam as cartas de períodos anteriores.
CARTOGRAFIA NO SÉCULO XIX
Antes
conhecida como Cosmografia, que significa astronomia descritiva, a palavra
Cartografia foi criada pelo historiador português Francisco Carvalhosa
(Visconde de Santarém, 1791 - 1856), em carta escrita em Paris, em 8 de
dezembro de 1839, e dirigida ao colega brasileiro Adolfo Varnhagem (Visconde de
Porto Seguro), que vivia em Lisboa. Termo consagrado desde aquela época, a
literatura mundial a utilizou como um ramo da história da Geografia
indispensável em qualquer estudo sobre o passado do homem, revelando sua
atuação no espaço.
Em
decorrência dos levantamentos elaborados nos séculos anteriores, os cartógrafos
começaram a acrescentar informações sobre população, clima e tipos de solos nas
bases topográficas, criando, assim, os mapas temáticos. O desenvolvimento da
Cartografia Temática ocorreu com o surgimento dos mapas de Geologia e
Oceanografia que representavam exigências da própria Revolução Industrial.
Neste
contexto, Carl Ritter começou a elaborar os primeiros Atlas escolares
descritivos. Ritter, em parceria com Alexander von Humboldt, foi um dos precursores
da Geografia moderna, assim como fundador da Sociedade Geográfica de Berlim. Os
trabalhos de Ritter e Humboldt surgiram no período em que o conhecimento
geográfico acumulado sobre o mundo já permitia separar a “realidade da
fantasia”, uma vez que a Geografia moderna, com o auxílio da Cartografia, já
havia estudado e mapeado toda a superfície terrestre.
Diante
disto, inaugura-se na Geografia o princípio da Analogia ou Geografia Geral.
Desenvolvido por Carl Ritter, esse princípio visava comparar diversas paisagens
da Terra, chamando atenção para as suas semelhanças e diferenças.
O
século XIX merece destaque especial na história da Cartografia náutica do
Brasil, porque nesse século teve início o levantamento hidrográfico do litoral
brasileiro. Hidrógrafos franceses, como Roussin, Barral, Tardy de Montravel e
principalmente Mouchez (Amédé Erest Barthélemy), efetuaram o levantamento da
costa do Brasil, possibilitando a construção de cartas náuticas de todo o
litoral brasileiro. Neste mesmo século, em 1857, Manoel António Vital de
Oliveira (1829- 1867), no comando do iate “Paraibano”, marcou o início das
Campanhas Hidrográficas da Marinha do Brasil, levantando no período de 1857 a
1859, o trecho do litoral desde a foz do Rio Mossoró, no Rio Grande do Norte,
até a foz do Rio São Francisco, no limite sul de Alagoas.
CARTOGRAFIA NO SÉCULO XX
A
partir da utilização dos balões e com a invenção da fotografia, da impressão em
cores e do incremento das técnicas estatísticas, o uso das fotografias aéreas
revolucionou as técnicas cartográficas, incluindo formas de levantamentos de
informações baseadas na reprodução foto-mecânica de imagens em escala de
detalhes tão precisos que, em muitos casos, substituíram o penoso trabalho do
técnico topógrafo com seu teodolito.
A
invenção do avião também foi significante para a Cartografia. A junção das
técnicas fotográficas ao avião, principalmente após a Segunda Guerra Mundial,
tornou possível o desenvolvimento da fotogrametria, ciência e técnica que
permite o rápido mapeamento de grandes áreas, através de fotografias aéreas,
gerando mapas mais precisos, a custos menores que o mapeamento tradicional.
Desenvolvem-se técnicas de apoio que incrementam a sua utilização.
Nesta
técnica, a região a ser mapeada é fotografada de um avião. As fotos são
enviadas para um aparelho chamado Restituidor, responsável pela leitura das
imagens e por enviá-las a uma máquina chamada pantógrafo, que desenha o mapa.
Com os avanços tecnológicos, a utilização do papel tem sido substituída pelo armazenamento
das imagens em computadores.
Aliada
ao desenvolvimento da aviação, a utilização dos satélites possibilitou uma
ampliação da visão geral atualizada de várias regiões do planeta. Nos satélites
há aparelhos que registram a intensidade da radiação emitida de acordo com as
características do solo em análise, como temperatura, presença ou ausência de
vegetação, entre outros aspectos. As imagens – informações são enviadas para a
Terra e convertidas em mapas, convencionalmente chamadas de Carta - Imagem ou,
simplesmente, de imagens orbitais.
A
utilização de outros tipos de plataformas imageadoras para a obtenção da
informação cartográfica, tais como radares (RADAM, SLAR), satélites artificiais
imageadores (LANDSAT, TM e SPOT), satélites RADAR (RADARSAT), vem
revolucionando as técnicas de obtenção da informação cartográfica para o
mapeamento, abrindo novos e promissores horizontes, através de documentos
confiáveis e de rápida confecção.
A
introdução de computadores, navegadores, satélites, telescópios e de sistemas
de informações geográficas, sistemas de vetorização CAD´s (Desenho Assistido
por Computador) e a aplicação do uso dos imageadores via Web(internet) têm
modernizado tanto o processo de elaboração de documentos cartográficos, como
tem propiciado a geração de novos tipos de documentos ou materiais. As análises
desses documentos ou materiais e as possibilidades de uso, tanto para a
educação e pesquisa, quanto apoio para tomada de decisões, nos diversos níveis
governamentais e privados, caracterizam o mapa como uma ferramenta
indispensável nos processos de gestão territorial de qualquer lugar da
superfície terrestre.
Um
mapa atual é construído através de um processo complexo e envolve a Geodésia, a
Fotogrametria, o Sensoriamento Remoto, as bases cartográficas e,
principalmente, os bancos de dados gerados por profissionais de diversas áreas,
com o objetivo de solucionar questões, analisar problemas ou apenas propor
sugestões de gerenciamento espacial do território.
CONCLUSÃO
Ao
longo de toda a História, o homem tem buscado desenvolver as mais variadas
formas e meios de comunicação com os demais membros do seu grupo social. Entre
os meios de expressão da leitura e representação do mundo real, encontram-se os
mapas, desde os mais remotos de que se tem notícia até os mais recentes mapas
virtuais (armazenados em formato digital e exibidos em um monitor de
computador). Entretanto, a Cartografia é muito mais antiga do que se possa
depreender da análise de provas documentais, como pinturas em rochas e gravuras
pictóricas em cavernas, pois sempre envolveu a necessidade constante de o homem
compreender seu meio ambiente (físico, social, cultural), dominar o espaço e
registrar as estruturas em algum meio de representação.
Assim,
a história dos mapas se confunde com a própria história da humanidade, se
considerarmos que os mapas são representantes das formas de percepção e
produção do conhecimento sobre a realidade e inerentes a cada cultura ao longo
do seu desenvolvimento.
RESUMO
A
Cartografia pode ser considerada como a linguagem universal de todas as
civilizações, como meio de intercâmbio cultural e como forma de poder e saber,
empregada para se fazer declarações ideológicas sobre o mundo de acordo com as
necessidades impostas pelo próprio conhecimento e pelo saber. De acordo com os
avanços nos processos de obtenção das informações que compõem os mapas, e de
acordo com as mudanças tecnológicas e socioeconômicas, os mapas que antes foram
os principais instrumentos utilizados para garantir o poder e a dominação de
nações inteiras, hoje continuam exercendo um papel importantíssimo no
planejamento de diversas atividades do ser humano. Os elementares passos dados
pelos nossos antepassados na construção das bases científicas da Cartografia e
da localização dos lugares na superfície terrestre, a ampliação do uso dos
mapas, aliada aos recursos cartográficos disseminados desde a Grécia Antiga até
os dias de hoje, favoreceram o surgimento de sistemas de informações
geográficas que integram informações espaciais (mapas, imagens de satélite,
fotografias aéreas) e descritivas, como cadastros, censos e tabelas. Estas
informações proporcionam a geração de novos documentos capazes de subsidiar
desde as mais simples tomadas de decisões até a localização de um futuro
conglomerado de empresas, tipo de cultivo agrícola, parque temático ou mesmo um
shopping center em lugares remotos da superfície da Terra. Os mapas atuais são
cada vez mais determinados pelos usuários, pois com o advento da informática, passaram
a integrar dados (informações) a lugares específicos, utilizando-se de novas
metodologias e, sobretudo, de novas formas de modelagem da paisagem, seja ela
real ou virtual.
Fonte:
https://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/11185004042012Cartografia_Basica_Aula_2.pdf
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