terça-feira, 9 de junho de 2020

Geografia 1º ano 2020 - 1º Atividade do 2º Período (Adauto Bezerra)

EEM Adauto Bezerra de Barbalha

 

1º ano (F, G, K) 2º Período 2020

 

A Evolução da Cartografia - pág.  60 a 78

 

O desenvolvimento da Cartografia, desde épocas remotas até o século em que vivemos, tem acompanhado o próprio progresso da civilização. Esta ciência apareceu no seu estágio mais elementar sob a forma de mapas de itinerários rupestres, feitos pelas populações nômades primitivas que, partindo dos princípios da observação e da necessidade de localização dos domínios, registravam fatos geográficos, locais de caça, localização de aldeias, de povos, rotas de viagens, de guerras, entre outros elementos.

Desta forma, a Cartografia já se caracterizava como uma forma de poder e de saber sobre o local. A História reputa aos babilônios a confecção do mapa mais antigo até então encontrado. Trata-se de um mapa esculpido em uma placa de barro cozido desenhado por volta de 2.500 anos a.C., e que foi encontrado nas ruínas da cidade de Ga-Sur, cerca de 300 quilômetros ao norte da Babilônia, na baixa Mesopotâmia (hoje território iraquiano de Babil, ao sul de Bagdad). Esse mapa mostra o vale do rio Eufrates cercado por montanhas, além da indicação de postos de localização como pontos cardeais.

Posteriormente, com o advento do comércio entre os povos e com o consequente aparecimento dos primeiros exploradores e navegadores que descobriram novas terras e novas riquezas, ampliando o horizonte geográfico conhecido, o homem sentiu necessidade de conhecer novas rotas e se localizar sobre a superfície da Terra. Há indícios de que os egípcios, em 2.300 a.C., já navegavam para Biblos, na Fenícia, de onde voltavam carregados de madeira de cedro. Estabeleceu-se, portanto, o marco inicial da Cartografia como ciência da localização.

Sua evolução foi incrementada pelas guerras, descobertas científicas, pelo desenvolvimento das artes e das ciências, e pelos movimentos históricos que possibilitaram e exigiram maior precisão na representação gráfica da superfície da Terra. Desta forma, dividimos este estudo em marcos históricos reconhecidos pela sociedade moderna para que possamos compreender melhor as contribuições das diversas sociedades.

 

CHINESES E EGÍPCIOS

 

Este período corresponde à construção das bases epistemológicas da representação da Terra. Tanto na Antiguidade como no século em que vivemos, as regras sobre as formas de desenhar mapas – ou cartas, como também são chamadas – ainda continuam sendo ditadas pelas necessidade dos seres humanos. Os chineses, por exemplo, utilizavam os mapas não somente para orientação e localização, mas também como ferramenta para que os administradores pudessem demarcar fronteiras e fixar impostos, e os militares os utilizavam como arma estratégica. De acordo com a datação dos primeiros achados de documentos, os estudos cartográficos desenvolvidos na China surgem por volta do século IV a. C., representando, de forma detalhada, suas terras e suas águas.

A construção de mapas pelos egípcios também remonta à Antiguidade, em função de eles já conhecerem e dominarem as técnicas da triangulação, que consiste na determinação de distâncias baseadas na Matemática, e seriam utilizadas, posteriormente, por muitos outros povos.

Os egípcios determinavam, assim, uma base para se chegar às distancias desejadas. Eles também utilizavam um instrumento chamado nível (uma armação em forma de A com um pêndulo amarrado no topo), que servia para medir áreas de terras. “A medição era quase vital para os faraós e sacerdotes, já que suas riquezas eram garantidas basicamente pelos impostos cobrados sobre a terra, pagos em cereais, ouro, lã e outras especiarias.” (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 p,35) Com essa prática, os egípcios desenvolveram a agrimensura, o cadastro e o mapeamento das minas de ouro, portanto, são os responsáveis pela elaboração dos primeiros mapas temáticos.

 

OS GREGOS

 

Mas quem achou o mapa do tesouro da Cartografia foram os gregos. “Eles foram os primeiros a ter comprovadamente bases científicas de observação” (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 p,35.) Na Grécia Antiga, os primeiros fundamentos da ciência cartográfica foram lançados quando Anaximandro (610 a 546 a. C.) e Hecataeus (c. 550 a 475 a.C), ambos da cidade de Mileto, tentaram representar a Terra como um disco flutuante, onde um oceano circundava os três continentes conhecidos: Europa, Ásia e África. “Ainda no século VI a.C., “na escola de Pitágoras desenvolveu a tese da Terra esférica. Esta suposição tinha base em observações práticas, como a sombra projetada por um eclipse, e considerações filosóficas, como o fato de a esfera ser a forma geométrica mais perfeita. Contudo, somente por volta de 350 a. C., com as teorias do filósofo grego Aristóteles, a esfericidade da Terra passou a ser aceita pelos homens da ciência”. (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 op. Cit., 35)

Durante a Antiguidade, os gregos começaram a representar a Terra como um disco flutuante. Esta concepção ficou conhecida como a Teoria do Prato e foi representada pelos primeiros mapas-múndi de Anaximandro de Mileto (610 a 546 a.C). A quebra deste paradigma só acontece com as comprovações matemáticas e astronômicas de esfericidade da Terra elaboradas por Pitágoras (c. 582 a.C). A idéia de esfericidade é comprovada também por Aristóteles (384 - 322 a.C), que além de formular os argumentos de obliquidade do eixo, conceito de linha do Equador, de trópicos e de zonas, também desenvolveu o conceito filosófico de esfericidade com base na comparação teológica da esfera como forma geométrica mais perfeita e a obra prima dos deuses – a morada do homem.

Nos trabalhos de Heródoto (484 a 425 a.C) e Demócrito (460 a 360 a.C), a descrição dos lugares e a concepção da oikounene ou ecúmeno alongada (terra habitada ou mundo conhecido) também contribuíram para desenvolver os conceitos iniciais de latitude e longitude. Um século mais tarde, Dicearco de Messena (350 a 290 a.C) passou do círculo a uma forma mais alongada da Terra, incluindo as ilhas Britânicas e a península Indiana, com a ilha Taprobana (atual Sri Lanka, antigo Ceilão).

No entanto, a questão da forma da Terra ainda perdurava como um desafio aos estudiosos da Antiguidade. Coube ao astrônomo e filosofo Eratóstenes (276 a 194 a.C.), guardião da biblioteca de Alexandria, a tarefa de medir a circunferência de nosso planeta. Também conhecedor da Matemática, este astrônomo utilizou a trigonometria para observar que, nos dias 20 e 21 de junho, o ângulo que os raios do Sol fazia com a superfície da Terra, na cidade de Siena (hoje Aswãn), era de 90º(graus). Nesses mesmos dias, esse ângulo era de 7º(graus) em Alexandria. Por meio de relatos de viajantes, ele sabia que a distância entre as duas cidades era de 5.000 estádios, ou 826.650 metros. Mais uma vez, usando a trigonometria, ele foi capaz de calcular a circunferência da Terra, chegando ao resultado de 42.513 km, muito próximo dos reais 40.076 km na linha do Equador.

Seguindo esta linha de raciocínio, Hiparco de Nicéia (160-125 a.C.) utilizou, pela primeira vez, métodos astronômicos para a determinação de posições na superfície da Terra e deu início ao estudo do sistema de coordenadas geográficas, criando os métodos de cálculos de latitude e longitude.

Baseando-se nos 360º da esfericidade da Terra, deduziu corretamente a direção dos polos celestes, a rotação de nosso planeta e determinou a duração do dia em 24 horas, de acordo com o aparecimento e a repetição da sombra do Sol sobre a mesma porção da Terra. Determinou, também, que 1 hora teria uma distância de 15º de longitude, como hoje conhecemos. Hiparco de Nicéia foi o precursor do desenvolvimento da superfície da Terra sobre um plano, idealizando a projeção cônica e utilizando o astrolábio para auxiliar na navegação.

Outra contribuição cartográfica significativa para a sociedade moderna foi a idéia desenvolvida por Crates (180 a 150 a.C.) que, baseado no princípio de esfericidade da Terra, antecipou a existência de outros continentes: Periecos (N), Antípodas (S) e Antecos em oposição ao Ecúmeno existente.

Estrabão de Amásia (64 d.C. a 20 d.C.) representou da melhor maneira possível a superfície esférica em um plano, com linhas retas paralelas, correspondendo aos paralelos, e linhas perpendiculares, representando os meridianos.

Todo o conhecimento geográfico e cartográfico da Grécia Antiga está idealizado na obra “Tratado de Geografia” ou “Guia da Geografia” do astrônomo, geógrafo e cartógrafo grego Claudius Ptolomeu de Alexandria. Sua extraordinária obra, em oito volumes, ensina os princípios da Cartografia Matemática, das projeções e dos métodos de observação astronômica, além de instruções para preparação de mapas-múndi e cartas de 8.000 lugares devidamente calculados.

Essa monumental contribuição da Grécia Antiga à ciência cartográfica foi ignorada durante toda a Idade Média e só foi retomada no século XV, quando passou a exercer grande influência sobre o pensamento geográfico da época, com o chamado Renascimento de Ptolomeu.

Ptolomeu concebeu o universo como Aristóteles: planeta esférico, parado e os demais corpos movimentando-se ao seu redor. Elaborou o mapa-múndi com projeção cônica e marcou o ponto culminante da Cartografia na Antiguidade, em que se distingue uma Geografia humana (descrição) de uma Geografia matemática (cálculos e geodésica).

 

OS ROMANOS

 

Menos preocupados com o caráter científico da Cartografia e mais voltados para suas utilidades práticas, os romanos elaboravam mapas com fins administrativos e militares, pois eram utilizados para cobrança de impostos e para o aumento do seu império. Eles não davam importância à visão esférica que os gregos tinham da Terra, pois os mapas gregos antigos já lhes serviam para traçar rotas e delimitar os territórios conquistados. Neste tipo de carta, chamado Orbis terrarum – ou mundo inteiro - os três grandes continentes conhecidos aparecem dispostos de forma simétrica (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992, p. 36).

Os romanos realizavam extensos levantamentos de seu império, usando instrumentos gregos, como o astrolábio, um instrumento óptico capaz de determinar a localização de pontos da Terra por meio de observação de fenômenos celestes. Eles também eram adeptos de mapas de itinerários (que mostram caminhos), como a Tábua de Peutinger. Útil representação para os navegantes da época, esta tábua media mais de 6 metros de comprimento por 30 centímetros de largura e servia, basicamente, para traçar rotas de viagens (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992, p. 37).

Naquele período histórico, a Geografia buscava resolver o problema da localização, mas era fortemente ligada à astronomia e à geometria.

 

OS MAPAS MEDIEVAIS

 

A Idade Média foi um período dominado pelo sentido cristão do sobrenatural e do divino. Toda maré de descobertas que inundou os estudos cartográficos durante a Antiguidade Clássica retrocedeu com o início deste período histórico, pelo menos na Europa. A Igreja Católica, por quase dez séculos, influenciou todos os campos do conhecimento, interferindo também na forma de desenhar mapas. Voltou-se a usar o Orbis Terrarum, mas com tal número de modificações que perdeu a exatidão sobre os lugares. Os mapas mais característicos dessa época são os chamados T no O, que consistiam num círculo com um “T” representando os rios e marés e dividindo o “O” em três continentes: Europa, Ásia e África. São cartas que representam a interpretação do mundo de acordo com o catolicismo, pois somente compreendiam as regiões mencionadas na Bíblia.

Durante aquele período, os grandes guardiões da cultura cartográfica foram os árabes, que recolheram e desenvolveram o que o ocidente já havia descoberto e esquecido. A obrigação religiosa de peregrinação até Meca, cidade sagrada do Islamismo, levava-os a conhecer muitos lugares e a traçar caminhos para a correta orientação dos peregrinos. A conquista de novos territórios, como a Mesopotâmia (atual Iraque), a Pérsia (atual Irã) e o Egito, também foi fundamental para ampliar os conhecimentos cartográficos desse povo, pois era necessário conhecê-los para poder governá-los.

Ainda na Idade Média, no século XIII, surgiu na Europa um tipo de mapa próprio para a navegação, as Cartas Portulanas, idealizadas provavelmente por almirantes e capitães das frotas expedicionárias. Isto foi possível graças ao uso da bússola, instrumento trazido do extremo oriente para o ocidente pelos árabes no século XII. Esses mapas se caracterizam pelo minucioso sistema de rosa-dos-ventos e riqueza de detalhes do litoral dos lugares e portos. Com essas cartas, os navegantes determinavam a sua localização e o ângulo em relação ao norte magnético, encontrando assim, a direção a ser a seguida.

 

A CARTOGRAFIA NO RENASCIMENTO

 

O Renascimento (séc. XIV ao séc. XVI) foi um período marcado pela redescoberta dos clássicos pelos europeus. Os estudos de Ptolomeu vieram à luz, fornecendo informação e inspiração aos que começavam a se aventurar em mares mais distantes. Os navegadores já contavam com os grandes inventos, como a caravela, o astrolábio e a bússola. A evolução das técnicas de gravação em pranchas de papel permitiu ao homem se aventurar em viagens mais longas em alto-mar.

Primeiro, começaram a explorar a costa ocidental da África, depois, em 1492, os cartógrafos - fazedores de mapas – ganharam um continente novinho em folha para mapear: a América. E muito do que se fez naquele tempo foi fruto da imaginação para justificar o investimento nas expedições e encorajar financiamentos nas terras recém-descobertas. As cartas européias se fartavam de atribuir às “terras virgens” fabulosas riquezas minerais.

Várias expedições desceram pela costa destes continentes mapeando suas formas e tentando calcular a distância e o tempo que navegavam para o norte ou para o sul, chegando, assim, a um contorno do continente. O mapa-múndi de Juan de La Cosa (1460 a 1510), membro da expedição de Cristóvão Colombo, é o primeiro a representar o descobrimento da América.

Também nesta linha de raciocínio, Diego Ribeiro elaborou, em 1527, o primeiro planisfério, e Martim Behaim (1459 a 1507) construiu o primeiro globo terrestre. A primeira tentativa de localização geográfica do Brasil aconteceu poucos dias após a chegada dos portugueses. João Emenelaus, tripulante de uma das caravelas da frota de Pedro Álvares Cabral, desceu à terra firme e, munido de um astrolábio, descobriu a latitude onde se encontra o país.

Por volta do século XVI, quem tinha o mundo em suas mãos eram os holandeses, pois dispunham de grandes escolas de navegação e suas cidades comerciais eram passagem de mercadores e navegantes de todas as nações, com informações novas sobre o além-mar. Neste período de grandes viagens e descobertas, viveu Gerardus Mercator (1512 – 1594), cartógrafo que recolheu em suas viagens todos os materiais existentes sobre a representação terrestre: mapas antigos, crônicas de navegantes e descrições matemáticas e filosóficas. Considerado o pai da Cartografia moderna, criou, em 1569, um mapa-múndi com uma projeção que leva o seu nome, corrigindo as distorções produzidas anteriormente (LUCÍRIO E HEYMANN, 1992 p.39).

 As bases do sistema de projeção criado por Mercator ainda são utilizadas, na medida em que facilitam a localização dos rumos a serem seguidos em longas distâncias, pois as coordenadas de latitude e longitude são mostradas em linhas retas.

 

CARTOGRAFIA NA REFORMA E NO ILUMINISMO

 

Cronologicamente, o período compreendido entre a Reforma e o Iluminismo corresponde ao final do século XVII e todo o século XVIII e foi marcado pelo desenvolvimento das escolas de Cartografia e navegação e por avanços tecnológicos a partir da medição do arco do meridiano do Peru (1728). Principalmente na Europa, cresceu a preocupação com o rigor científico dos levantamentos topográficos – representação do terreno com todos os seus acidentes geográficos. Os mapas passaram a ser mais detalhados e as representações dos mapas-múndi incluem a malha de pontos geodésicos, retirando, finalmente, as figuras imaginárias e monstros marinhos que estampavam as cartas de períodos anteriores.

 

CARTOGRAFIA NO SÉCULO XIX

 

Antes conhecida como Cosmografia, que significa astronomia descritiva, a palavra Cartografia foi criada pelo historiador português Francisco Carvalhosa (Visconde de Santarém, 1791 - 1856), em carta escrita em Paris, em 8 de dezembro de 1839, e dirigida ao colega brasileiro Adolfo Varnhagem (Visconde de Porto Seguro), que vivia em Lisboa. Termo consagrado desde aquela época, a literatura mundial a utilizou como um ramo da história da Geografia indispensável em qualquer estudo sobre o passado do homem, revelando sua atuação no espaço.

Em decorrência dos levantamentos elaborados nos séculos anteriores, os cartógrafos começaram a acrescentar informações sobre população, clima e tipos de solos nas bases topográficas, criando, assim, os mapas temáticos. O desenvolvimento da Cartografia Temática ocorreu com o surgimento dos mapas de Geologia e Oceanografia que representavam exigências da própria Revolução Industrial.

Neste contexto, Carl Ritter começou a elaborar os primeiros Atlas escolares descritivos. Ritter, em parceria com Alexander von Humboldt, foi um dos precursores da Geografia moderna, assim como fundador da Sociedade Geográfica de Berlim. Os trabalhos de Ritter e Humboldt surgiram no período em que o conhecimento geográfico acumulado sobre o mundo já permitia separar a “realidade da fantasia”, uma vez que a Geografia moderna, com o auxílio da Cartografia, já havia estudado e mapeado toda a superfície terrestre.

Diante disto, inaugura-se na Geografia o princípio da Analogia ou Geografia Geral. Desenvolvido por Carl Ritter, esse princípio visava comparar diversas paisagens da Terra, chamando atenção para as suas semelhanças e diferenças.

O século XIX merece destaque especial na história da Cartografia náutica do Brasil, porque nesse século teve início o levantamento hidrográfico do litoral brasileiro. Hidrógrafos franceses, como Roussin, Barral, Tardy de Montravel e principalmente Mouchez (Amédé Erest Barthélemy), efetuaram o levantamento da costa do Brasil, possibilitando a construção de cartas náuticas de todo o litoral brasileiro. Neste mesmo século, em 1857, Manoel António Vital de Oliveira (1829- 1867), no comando do iate “Paraibano”, marcou o início das Campanhas Hidrográficas da Marinha do Brasil, levantando no período de 1857 a 1859, o trecho do litoral desde a foz do Rio Mossoró, no Rio Grande do Norte, até a foz do Rio São Francisco, no limite sul de Alagoas.

 

CARTOGRAFIA NO SÉCULO XX

 

A partir da utilização dos balões e com a invenção da fotografia, da impressão em cores e do incremento das técnicas estatísticas, o uso das fotografias aéreas revolucionou as técnicas cartográficas, incluindo formas de levantamentos de informações baseadas na reprodução foto-mecânica de imagens em escala de detalhes tão precisos que, em muitos casos, substituíram o penoso trabalho do técnico topógrafo com seu teodolito.

A invenção do avião também foi significante para a Cartografia. A junção das técnicas fotográficas ao avião, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, tornou possível o desenvolvimento da fotogrametria, ciência e técnica que permite o rápido mapeamento de grandes áreas, através de fotografias aéreas, gerando mapas mais precisos, a custos menores que o mapeamento tradicional. Desenvolvem-se técnicas de apoio que incrementam a sua utilização.

Nesta técnica, a região a ser mapeada é fotografada de um avião. As fotos são enviadas para um aparelho chamado Restituidor, responsável pela leitura das imagens e por enviá-las a uma máquina chamada pantógrafo, que desenha o mapa. Com os avanços tecnológicos, a utilização do papel tem sido substituída pelo armazenamento das imagens em computadores.

Aliada ao desenvolvimento da aviação, a utilização dos satélites possibilitou uma ampliação da visão geral atualizada de várias regiões do planeta. Nos satélites há aparelhos que registram a intensidade da radiação emitida de acordo com as características do solo em análise, como temperatura, presença ou ausência de vegetação, entre outros aspectos. As imagens – informações são enviadas para a Terra e convertidas em mapas, convencionalmente chamadas de Carta - Imagem ou, simplesmente, de imagens orbitais.

A utilização de outros tipos de plataformas imageadoras para a obtenção da informação cartográfica, tais como radares (RADAM, SLAR), satélites artificiais imageadores (LANDSAT, TM e SPOT), satélites RADAR (RADARSAT), vem revolucionando as técnicas de obtenção da informação cartográfica para o mapeamento, abrindo novos e promissores horizontes, através de documentos confiáveis e de rápida confecção.

A introdução de computadores, navegadores, satélites, telescópios e de sistemas de informações geográficas, sistemas de vetorização CAD´s (Desenho Assistido por Computador) e a aplicação do uso dos imageadores via Web(internet) têm modernizado tanto o processo de elaboração de documentos cartográficos, como tem propiciado a geração de novos tipos de documentos ou materiais. As análises desses documentos ou materiais e as possibilidades de uso, tanto para a educação e pesquisa, quanto apoio para tomada de decisões, nos diversos níveis governamentais e privados, caracterizam o mapa como uma ferramenta indispensável nos processos de gestão territorial de qualquer lugar da superfície terrestre.

Um mapa atual é construído através de um processo complexo e envolve a Geodésia, a Fotogrametria, o Sensoriamento Remoto, as bases cartográficas e, principalmente, os bancos de dados gerados por profissionais de diversas áreas, com o objetivo de solucionar questões, analisar problemas ou apenas propor sugestões de gerenciamento espacial do território.

 

CONCLUSÃO

 

Ao longo de toda a História, o homem tem buscado desenvolver as mais variadas formas e meios de comunicação com os demais membros do seu grupo social. Entre os meios de expressão da leitura e representação do mundo real, encontram-se os mapas, desde os mais remotos de que se tem notícia até os mais recentes mapas virtuais (armazenados em formato digital e exibidos em um monitor de computador). Entretanto, a Cartografia é muito mais antiga do que se possa depreender da análise de provas documentais, como pinturas em rochas e gravuras pictóricas em cavernas, pois sempre envolveu a necessidade constante de o homem compreender seu meio ambiente (físico, social, cultural), dominar o espaço e registrar as estruturas em algum meio de representação.

Assim, a história dos mapas se confunde com a própria história da humanidade, se considerarmos que os mapas são representantes das formas de percepção e produção do conhecimento sobre a realidade e inerentes a cada cultura ao longo do seu desenvolvimento.

 

RESUMO

 

A Cartografia pode ser considerada como a linguagem universal de todas as civilizações, como meio de intercâmbio cultural e como forma de poder e saber, empregada para se fazer declarações ideológicas sobre o mundo de acordo com as necessidades impostas pelo próprio conhecimento e pelo saber. De acordo com os avanços nos processos de obtenção das informações que compõem os mapas, e de acordo com as mudanças tecnológicas e socioeconômicas, os mapas que antes foram os principais instrumentos utilizados para garantir o poder e a dominação de nações inteiras, hoje continuam exercendo um papel importantíssimo no planejamento de diversas atividades do ser humano. Os elementares passos dados pelos nossos antepassados na construção das bases científicas da Cartografia e da localização dos lugares na superfície terrestre, a ampliação do uso dos mapas, aliada aos recursos cartográficos disseminados desde a Grécia Antiga até os dias de hoje, favoreceram o surgimento de sistemas de informações geográficas que integram informações espaciais (mapas, imagens de satélite, fotografias aéreas) e descritivas, como cadastros, censos e tabelas. Estas informações proporcionam a geração de novos documentos capazes de subsidiar desde as mais simples tomadas de decisões até a localização de um futuro conglomerado de empresas, tipo de cultivo agrícola, parque temático ou mesmo um shopping center em lugares remotos da superfície da Terra. Os mapas atuais são cada vez mais determinados pelos usuários, pois com o advento da informática, passaram a integrar dados (informações) a lugares específicos, utilizando-se de novas metodologias e, sobretudo, de novas formas de modelagem da paisagem, seja ela real ou virtual.

 

Fonte:

https://www.cesadufs.com.br/ORBI/public/uploadCatalago/11185004042012Cartografia_Basica_Aula_2.pdf

 

Aprenda um pouco mais, veja a apresentação sugerida logo a baixo como complementação deste estudo.

 

A Evolução da Cartografia

 

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Atividade avaliativa

  

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